terça-feira, 9 de agosto de 2016

AS CAVERNAS DE PETAR

A 2ª etapa das férias de 2013 foi aventura pura. Primeiro, eu, Carmen, Karina e André, de carro, fomos a Bragança Paulista, terra natal de Karina. De lá, passamos um dia em Águas de Lindóia e Serra Negra. Em Águas de Lindóia, provamos água, em Serra Negra, provamos vinho e cachaça no vinhedo da Família Carra. Depois de 3 dias, partimos para o sul de São Paulo, rumo a Iporanga, mais especificamente ao PETAR (Parque Estadual Turístico Alto da Ribeira). A aventura começou ao cruzar São Paulo e a Rodovia Regis Bittencourt (risco extremo). Além disso, pegamos um longo trecho de lentidão devido a obras na rodovia. Queríamos passar na Caverna do Diabo, em Eldorado, no caminho para Iporanga, mas tivemos de nos conformar. Para relaxar, incentivados por Karina, começamos a brincar dentro do carro e, distraídos, passamos direto de onde devíamos entrar. Quando percebemos que estávamos perdidos, já estávamos na entrada de Barra do Turvo. André pediu informações a um morador local que nos deu 2 opções para chegarmos a Iporanga: por um caminho de terra, à beira do rio, mas que por ser noite, não era muito seguro; ou fazer o retorno e entrar por Jacupiranga. Optamos pela segunda dica e para fazermos o retorno, subimos um morro de chão de barro, íngreme, escuro, deserto. Não respiramos até chegarmos à rodovia, o que pareceu que demorou um século. Para que ninguém mais cometa esse erro, deve-se ficar atento às placas indicando a Caverna do Diabo. Entrar em Jacupiranga em direção a Eldorado e dali a Iporanga. Chegamos à Pousada das Cavernas por volta de meia-noite e simpaticamente, o gerente nos serviu a janta que havia guardado.



Uma boa noite de sono e alívio e na sexta-feira já estávamos animados para o início da aventura nas cavernas. Calça de tactel ou legging, blusa de manga comprida, tênis com travas, lanterna, capacete (emprestado pela pousada), lanche na mochila, máquina fotográfica, um café da manhã reforçado e muita disposição. O guia, o senhor Paulo, pacientemente nos esperou. Embora o tempo estivesse chuvoso, não desanimamos e rumamos de carro até a portaria. Pagamos 9,00 cada uma, valor para quem não tem carteirinha de estudante. A primeira caverna que visitamos foi a Caverna Água Suja e depois a Cafezal, e para chegarmos até elas, caminhamos pela trilha do Betari, cerca de 7 km, entre subidas, descidas, travessia do rio com correnteza, em pontes balançantes, escadas de madeira, vegetação abundante, chão lamacento e chuva fina.  Respirei fundo e preparei-me psicologicamente para permanecer com os pés molhados durante os quatro dias em PETAR. Mesmo sem chuva há muitos rios para atravessar, fora as cavernas molhadas. A visita à Caverna Água Suja, por exemplo, é praticamente toda dentro da água até o tornozelo. Entre a Água Suja e a Cafezal, fizemos parada na Cachoeira do Betarizinho. A magnificência das cavernas é enorme. Estalagmites, estalactites, rochas calcárias, formações (espeleotemas) que desafiam nossa imaginação, formadas ao longo de milhares de anos, gota a gota, através da paciência da natureza. São cortinas feitas de calcário e outras imagens que nos remetem aos palácios e templos que nos fazem ajoelhar e agradecer por tamanha beleza. Nos momentos de escuridão, quando desligamos as lanternas, ouvimos o silêncio e sentimos a paz que a natureza nos oferece gratuitamente. Depois da Caverna Cafezal, Karina, Carmen e André enfrentaram a água gélida da linda Cachoeira das Andorinhas. Eu fiquei só admirando. Energizante! Antes de voltarmos à Pousada, parada para comer pastel e tomar caldo de cana e fazer compras no mercadinho, que, bucolicamente, ainda sobrevive de anotações em caderneta. A janta foi maravilhosa e completa. Após o jantar, jogo de dominó próximo à lareira ao som de música popular brasileira, tomando o vinho comprado da Família Carra, em Serra Negra. Corpo exausto, pernas doloridas e alma elevada.




No sábado, começamos pertinho, pela Caverna Santana, com acesso fácil e imensas galerias, parecendo uma catedral. Realmente, é uma galeria feita pela natureza, com mais espeleotemas: bolo de noiva, colunas gregas, pata de elefante, uma imagem de Nossa Senhora, porta-retrato e outros que a nossa imaginação permite enxergar. Em Santana, há pontes e escadas que favorecem a caminhada. Depois do lanche, a segunda caverna foi a de Morro Preto, com uma visão interna da entrada de tirar o fôlego. Foi lá, em 1998, por ocasião das comemorações dos 40
anos de PETAR, que aconteceu um concerto para alguns convidados. A última caverna do dia foi a do Couto, uma caverna com vários vestígios de desmoronamento, porque serve de desembocadura do rio. Atravessamos toda a caverna e no final, fomos para a Cachoeira do mesmo nome. Dessa vez, eu também me aventurei a banhar-me nas águas geladas e apesar de sentir-me congelando, senti-me também revigorada.


No Domingo, último dia de aventura nas cavernas, fomos a pé pela trilha das Figueiras, passando realmente por dentro de uma figueira antiga e enorme, subindo por uma escada. Conhecemos a Casa de Farinha e fomos para a Caverna Ouro Grosso. Sua entrada é uma fenda apertadíssima, pela qual passamos engatinhando. O caminho é bastante íngreme, com pedras escorregadias e dificultosas, porém, bem interessante pela adrenalina que proporciona, principalmente por parecer bem misteriosa. Fomos até a primeira cachoeira, último ponto permitido para visita. Apenas Karina se aventurou na água gelada e estrondosa. Depois do lanche, partimos para a última caverna a ser visitada, a Ouro Grosso. Dizem que é a caverna mais estimulante que tem no núcleo, pois podemos atravessá-la com água até o pescoço. Porém, fiquei com receio da água cobrir toda minha cabeça, o que foi comprovado pelo guia e acabamos indo apenas até o início do trajeto molhado e pudemos sentir o gostinho da aventura. Realmente, é deslumbrante e ficou um gostinho de querer se aventurar. Quem sabe, na próxima vez. Nossa intenção era terminar o dia com um passeio de boiacross pelo Rio Betari, porém, o tempo não ajudou, havia muitas nuvens escuras, anunciando chuva com raios e trovoadas e o rio estava muito caudaloso. Voltamos para a agradável Pousada das Cavernas para nossa última ceia e pernoite.


DEPOIS DE PETAR...

No outro dia, saímos logo depois do café da manhã rumo a Maresias, litoral de São Paulo. Antes, paramos na Caverna do Diabo, em Eldorado. A infraestrutura da Caverna do Diabo é grandiosa. Há iluminação artificial, passarelas, pontes, escadas, todo tipo de facilidades para visitar a caverna, que lembra uma catedral do estilo barroco. A Caverna é belíssima, mas não oferece uma coisa: a adrenalina, a aventura e o desafio de transpor obstáculos como pedras, rios, fendas, caminhos estreitos e íngremes como as cavernas selvagens de PETAR. Chegamos a Maresias bem tarde, apenas para dormir. No outro dia, partimos para nossa última etapa da viagem, Ubatuba. Almoçamos e visitamos o aquário. Depois, eu e Carmen entramos no ônibus para Paraty e de Paraty, pegamos outro para Angra. André e Karina continuaram sua viagem. Chegamos a Angra em um dia em que o frio começou a castigar vários estados. Uma grande sorte, seria mais difícil fazer o passeio em PETAR com o frio que começou a fazer quando partimos de lá.
O que trouxe de PETAR? Dores saudáveis no corpo, picadas de mosquito, encantamento total e a vontade de voltar e conhecer as outras cavernas que não pudemos conhecer.



Nenhum comentário:

Postar um comentário