terça-feira, 9 de agosto de 2016

DIÁRIO DO CHILE

1º DIA = 02/05/13:

Viajando desde as 7h da manhã: Angra x Rio x Aeroporto Tom Jobim. Almoço rápido no aeroporto (Spoletto). Check in tranqüilo no guichê da TAM. Pesquisa no Duty Free e embarque. Uma viagem agradável, um lanche aprovado, mas a vontade de chegar era muita. Com algum atraso, o avião pousou no aeroporto Comodoro Arturo Marino Benítez cerca de 19h30m. Correria para passar pelas diversas barreiras: pegar visto de entrada, entregar declaração na barreira agrícola (não podíamos entrar com nenhum desses produtos: iogurte, plantas, frutas, legumes, verduras, etc. Tudo isso para evitar a entrada de pragas nas plantações do Chile, que já possui barreiras naturais: Deserto do Atacama no norte, Cordilheira dos Andes ao leste, Oceano Pacífico a oeste e Patagônia ao sul). O motorista da CTS Turismo Chilean Travel estava nos aguardando. Na correria, entreguei meu visto junto com a declaração de nada consta agrícola e só reparei no Hotel Fundador, quando a recepcionista o pediu. Voltamos de táxi ao aeroporto e consegui outro visto duplicado. Ufa! Lanchamos em uma lanchonete próxima ao hotel, “pollo com papas fritas”. O frango chileno é delicioso, carne macia e com sabor. Zzzzzzzz.

2º DIA = 03/05/13: City tour autônomo.

O café da manhã do Hotel Fundador satisfaz, mas poderia ser melhor, aliás, já provei melhor em hotéis menores e mais baratos. Pão duro, poucas frutas, suco artificial e não tinha bolo. Corremos ao Palácio Moneda (sede da presidência do Chile) para assistir à troca da “guardia”, que acontece um dia sim e outro não. Aliás, uma das vantagens do Hotel Fundador é que sua localização é no centro da cidade, perto de muitos pontos turísticos e acesso ao metrô. Espetáculo bem interessante o “cambio da guardia”, principalmente porque os robustos cães que vivem harmonicamente com os pedestres e motoristas nas ruas de Santiago, acompanham a marcha dos “carabineiros” e ainda ficam no meio do ritual, latindo, como se estivessem dando comando. Partimos para o Centro Cultural La Moneda e depois para a Plaza de Armas, onde visitamos a Catedral Metropolitana do Chile (belíssima e riquíssima) e o Museu Histórico Nacional, também belíssimo. Rumamos, sempre pedindo informações aos santiaguinos, para o Mercado Central. Vimos peixes e crustáceos nunca antes vistos e já com fome, fomos fisgadas pelo “El Galeón”, onde nos informaram que havia outros angrenses almoçando. Não sei quem eram, desfrutamos de uma deliciosa “Paella” e finalmente experimentei o famoso “Pisco sour”, muito parecido com a nossa caipirinha, porém, achei o pisco mais refrescante e delicioso. Aproveitamos e fechamos 4 passeios com a Turistik, que a meu ver, é a empresa turística que comanda o ramo em Santiago e é muito organizada. Do Mercado fomos ao Museu de Arte Contemporânea e o de Belas Artes, formosas arquiteturas antigas e clássicas, com peças modernas em seus interiores. Por fim, fomos a Lastarria, ao GAM – Centro Cultural Gabriela Mistral, magnífico e com cafés bem frequentados. Lastarria é um local agradável, aconchegante e belo. Voltamos correndo para o hotel e nos aprontamos para o “Cena Show” no Restaurante Los Buenos Muchachos. A comida é maravilhosa, sem excesso, na medida certa: uma entrada com direito a uma bebida (pisco sour ou espumante), o prato principal (frango, carne de boi ou peixe), com direito a meia garrafa de vinho e a sobremesa. Tudo isso acompanhado de música chilena e danças típicas de todas as regiões, de norte ao sul e terminando com a dança Rapa Nui, da Ilha de Páscoa. Valeu cada centavo...quero dizer... cada peso chileno.
Troca de guarda no Palácio Moneda

   Feira em Lastarria

3º DIA = 04/05 – Concha y Toro e Parque Nevado.

Escolhemos o vinhedo Concha y Toro pela sua fama e pelos bons vinhos, mas a visita não foi nada diferente da Miolo no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves.Do lado de fora, pudemos ver a mansão do antigo dono, Dom Melchor, as parreiras e até algumas uvas que ainda não haviam sido colhidas. A visita é bem comercial e teatral na parte em que o guia nos deixa em uma cave e uma voz gutural nos conta a história de um de seus famosos vinhos, o Casillero Del Diablo. A degustação foi feita somente com 2 tipos de vinhos, sem nenhum petisco. O presente foi a taça personalizada. É claro que passamos pela loja e ao contrário do que muitos disseram, não achei o preço alto em comparação ao Brasil, e não tive tempo de pesquisar em supermercado, como aconselhou a guia. Almoçamos no Parque Arauco, na "terraza" do simpático restaurante Tony Roma's, onde comemos massa. À tarde, rumamos para o Parque Nevado. A subida tem paisagens deslumbrantes, principalmente quando começamos a ver a neve. Sim, porque tivemos a sorte de ter chovido antes de nossa chegada e caiu neve na montanha, a primeira nevasca do ano no lado chileno. Quando chegamos lá em cima, a 3200 metros acima do nível do mar, deparamos com imponentes construções, que são os resorts Hotel Valle Nevado, Puerta del Sol e Três Puntas. Ainda não era temporada de esqui, mas as montanhas estavam branquinhas, para nosso deleite. Para nós, que estávamos vendo a neve pela primeira vez, foi sensacional. Fotos, fotos e mais fotos. Pegamos a neve, caminhamos na neve, sob um sol brilhante e acolhedor que nos resguardava do frio. Um único espanto, não o espanto pela beleza do lugar, mas pelo preço da água, cerca de 10 reais a garrafa de 500 ml.


4º DIA = 05/05 – Embalse el Yeso e Termas del Plomo.

Antes das 8h, horário marcado pela Jorge Excursiones, já estávamos na Plaza Itália para subir o Cajón del Maipo. Jorge é um chileno “muy simpático e carismático”. O grupo consistiu de 16 pessoas, dentre brasileiros, um polonês, dois chilenos e um espanhol, mais 3 guias, incluindo o Jorge. Eu e Carmen fomos com o amigo do Jorge em um jeep com tração, o que no percurso foi uma grande sorte. Fizemos uma parada estratégica em San José del Maipo para as últimas compras e para uma bebida quente, pois saí do hotel sem tomar café, porque ainda não havia no buffet. A viagem foi longa, quase 3 horas para chegar ao ponto final e depois caminharmos. O caminho era estreito, entre montanha com pedras soltas e precipício. Mas a paisagem nos enchia os olhos e nos distraía, fazendo-nos apenas curtir o passeio maravilhoso até Termas del Plomo, cerca de 3900 metros acima do nível do mar. A represa de Embalse El Yeso, de cor turquesa, que abastece toda a cidade de Santiago compõe uma das paisagens mais lindas que já vi na vida, com o azul da água contrastando com o branco das montanhas. O frio estava intenso, apesar do sol. Foi difícil deixar aquela vista para trás, mas tínhamos de continuar o caminho. Depois de certa altura, o caminho estava coberto por uma camada de neve e o carro tinha de ser valente, até determinado ponto, quando o deixamos à beira de um riacho, depois de atravessá-lo, e continuamos a pé, subindo a montanha através da neve. Aventura pura. Cansaço, suor, protetor solar, luva, casacos pesados, meias, tombos na neve, caminhada sobre precipícios e Termas del Plomo. Uma pequena cascata e um lago de água quente, com fumaça visível. Estonteante. Havia uma família se banhando (um casal e um menino que mais ou menos 4 anos) que encontramos no caminho, dois rapazes fazendo piquenique com churrasco e vinho e depois chegou outra família que no próprio carro, comia petiscos e bebia espumante. Formas de lazer em pleno domingo chileno. Banhamo-nos na água “caliente”, oriunda dos vários vulcões da Cordilheira, mas quando saímos ficou bem frio. Comemos nosso lanche, nos agasalhamos novamente e rumamos mais para cima com o grupo. Paramos para vislumbrar o visual e depois voltamos, já com o sol querendo se esconder. Na descida da montanha, a saudade foi batendo, vontade de começar tudo de novo, voltar e ficar naquele paraíso silencioso, inóspito, misterioso e tão belo. Paramos novamente em San José del Maipo para comer empanadas e demoramos mais do que o planejado. Já eram quase 22h quando chegamos à Plaza de Armas e voltamos de táxi para o hotel, totalmente revigoradas. Jantamos no restaurante próximo ao hotel, o italiano Picola, muito agradável e de preço justo.
                                



5º DIA = 06/05 – compras

Esse dia, como era segunda e muitos atrativos turísticos não abrem, tínhamos reservado para o comércio, mas o Museu e a Igreja de San Francisco estavam abertos e aproveitamos para visitá-los. Depois, fomos ao Cerro Santa Lucía. Caminhar a pé não foi difícil, nos baseávamos na avenida principal da cidade, que eles chamam de “Alameda”. O Cerro é bonito e embaixo tem uma feira de artesanatos Mapocho. Em frente ao Cerro, do outro lado da rua tem uma feira, onde vendem artesanato, roupas de lã e joias de lapiz-lazúli, pedra típica do Chile. Almoçamos em um restaurante peruano no centro da cidade, andamos pelo Paseo Ahumada e Paseo Estado e depois fomos ao shopping Parque Arauco. Á noite, comemos pizza em um charmoso restaurante em Lastarria. Em plena segunda-feira, me surpreendi com os restaurantes cheios.

6º DIA = 07/05 – Viña del Mar e Valparaiso

Novamente com a Turistik, fizemos esse maravilhoso passeio. Primeiro visitamos a vinícola Emiliana, onde fazem vinhos orgânicos. O local é belíssimo, parecendo mais um jardim do que uma vinícola e bem mais agradável do que Concha y Toro. A guia nos explicou tudo sobre o processo de produção do vinho e a importância sobre cada planta ali existente. Havia muita lavanda e outras flores que serviam para afastar os insetos das parreiras. Havia também plantações de hortaliças e ervas que tinham suas propriedades de benefício às parreiras. Demos folhas para as alpacas, bichinhos bem simpáticos que parecem lhamas. No final, degustamos 4 tipos de vinhos, 2 tintos e 2 brancos, com queijos e biscoitos. Não comprei o vinho deles lá, estava caro, comprei uma garrafa de Coyam, que é uma junção de várias uvas no Duty Free de Santiago, por 14 dólares. De lá, fomos a Valparaiso, cidadã tombada como patrimônio histórico da humanidade. Bem interessante com suas ladeiras e casas coloridas. Visitamos a casa de Pablo Neruda “La Sebastiana” e me emocionei quando toquei a poltrona onde o ilustre escritor sentava-se para deslumbrar a vista do Pacífico, escrevia e descansava. Pensei que ao tocá-la poderia ser tomada por sua brilhante inspiração. Ah, que presunção! Mas... não custa sonhar. O guia nos contou sobre a história da cidade e sua importância na defesa do país durante a colonização. Depois, fomos para Viña del Mar, onde almoçamos em um requintado restaurante do cassino, de frente para o Oceano Pacífico. Emocionante mais uma vez, afinal, estávamos do outro lado da costa, no gelado mar do Pacífico. Fotos, fotos... é claro que tocamos a água e nem estava tão gelada assim, somente 12 graus. Fotos no relógio de flores e acabou. Janta no italiano novamente, que virou nosso point noturno.

Valparaiso

Vina Del Mar- Oceano Pacífico

7º DIA =  08/05 –

Andar de metrô em Santiago não é difícil e fizemos isso muito bem. Fomos ao Cerro San Cristóbal. Subimos de funicular.  Além de ver a cidade e a Cordilheira, já sem neve, vê-se também a camada de poluição que cobre a cidade, uma nuvem bem mais clara do que a que cobre São Paulo. Visitamos alguns pontos no cume, alguns de cunho bem religioso, como a enorme imagem de “Nossa Senhora da Concepción”, que abençoa a cidade. Iniciamos a descida a pé sem saber que o trajeto era bem extenso, já que não é em linha reta e sim em zigue-zague. Devemos ter caminhado cerca de 6 km descendo e chegamos à Avenida Pio Nono, exaustas. Visitamos o famoso Patio Bellavista, com suas charmosas lojas e restaurantes, tudo muito caro. Já havíamos resolvido almoçar no Restaurante Giratorio, em Providencia. Com o cansaço da descida, esquecemos de visitar a La Chascona, outra casa museu de Pablo Neruda, fica para a próxima. Fomos de táxi para Providencia, uma comuna bem agradável, organizada, com árvores, belíssimas e modernas construções e restaurantes maravilhosos. O Restaurante Giratorio é mais uma boa atração turística; é requintado e com o preço acessível. E gira mesmo! O almoço foi acompanhado pelo som de piano, pelo qual nossa mesa passou ao lado, devido ao processo giratório. Muito interessante! Pedi um prato executivo, mais em conta, com direito a tomate recheado com hortaliças de entrada e uma taça de espumante ou pisco sour. O prato principal foi merluza com arroz no creme Champion com direito a vinho tinto ou cerveja, escolhi a cerveja Corona. Muito boa. Terminei com uma pera flambada recheada com doce de leite. Com o estômago saciado, visitamos o Parque de Las Esculturas e junto a elas, algumas bem interessantes, havia muitos estudantes e moradores deitados no gramado, namorando, descansando, dormindo... como uma siesta sem compromisso de terminar. Dali, voltamos de metrô para o centro a fim de comprar umas lembrancinhas para os parentes e amigos e visitar a Estação Central, que mais parece a Central do Brasil, no Rio. Queríamos somente ver o lindo carrossel que admirávamos quando passávamos de carro na avenida. 

N.Sra. Conceição no cume do Cerro San Cristóbal

Teto espelhado do Restaurante Giratório

8º DIA = 09/05

Volta. A espera pelo motorista da CTS foi torturante. Chegamos ao aeroporto mais tarde do que prevíamos e tivemos que nos apressar um pouco. Em vão, porque o voo da Lan, que deveria decolar às 11h50m foi adiado para às 12h50m por problemas operacionais. Compramos algumas coisas no Duty Free e só. Nossa conexão em São Paulo para o Rio teve de ser mudada devido ao atraso. Mas, apesar da correria, deu tudo certo e chegamos ao Rio sãs, salvas e cansadas, mas com a alma revigorada e muita vontade de comer a comidinha brasileira: arroz e feijão.
            Em relação a dinheiro não tive dificuldades. Poucos estabelecimentos lá aceitam nossa moeda. Cerquei-me de todas as formas: cartão de crédito, cartão de débito de conta corrente internacional, cartão pré-pago Global Travel Amex e cash. Já no aeroporto fiz saque com meu cartão bancário. No centro, troquei meus reais por pesos chilenos e usei o cartão pré-pago para fazer compras. Não conseguimos ver tudo em Santiago, motivo para um bis: o Museu de Arte Precolombino estava em reforma; não conseguimos ir ao Museu de Artes Visuales e nem ao Barrio Brasil e Isla Negra. Mas, o que nos foi possível fazer, valeu a pena, principalmente ter subido a Cordilheira dos Andes em plena neve. Santiago é uma bela cidade, organizada, desenvolvida, bem policiada, com a violência controlada.

Por: Denise Constantino



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